Neste Episódio IV: Uma Nova Esperança, ficamos sabendo que a secular e democrática República, protegida pelos lendários Cavaleiros Jedi (uma casta de guerreiros que utilizava o poder místico conhecido como A Força), foi derrubada pela ascensão ao poder de um déspota, que declarara-se Imperador. Após o extermínio dos Jedis, o temível Lorde Negro de Sith, Darth Vader (David Prowse, com voz de James Earl Jones), comanda a esquadra Imperial na caça aos rebeldes que tentam, com escassos recursos, enfrentar o Império e restaurar a República. É neste cenário que o jovem fazendeiro Luke Skywalker (Mark Hamill), o mercenário Han Solo (Harrison Ford), a Princesa Leia Organa (Carrie Fischer) e o velho Jedi Obi-Wan Kenobi (Sir Alec Guiness) tornam-se os personagens decisivos que levarão as Forças Rebeldes à sua primeira grande vitória contra os opressores - a destruição da gigantesca estação espacial Estrela da Morte, a mais poderosa arma do Império, capaz de destruir um planeta inteiro. Além de ser um estrondoso sucesso de bilheteria (até o final de 1979, já rendera US$ 546 milhões nas bilheterias mundiais), Guerra nas Estrelas foi indicado para 10 prêmios Oscar® no ano seguinte, tendo conquistado sete estatuetas nas categorias técnicas. O resultado mais óbvio do sucesso gigantesco de público e crítica do filme foi o de popularizar definitivamente o gênero ficção científica, que até então era sinônimo de obras cerebrais, à la 2001: Uma Odisséia no Espaço (2001: A Space Odissey, 1968), ou na pior das hipóteses de produções baratas e apelativas, abrindo caminho para uma série de filmes memoráveis que chegariam nos anos seguintes, como Alien, O Oitavo Passageiro, Jornada nas Estrelas - O Filme, Blade Runner e E.T. - O Extraterreste. Mas o impacto causado porGuerra nas Estrelas na indústria cinematográfica norte-americana foi bem maior do que gerar continuações, imitações ou iniciar uma nova onda de Sci-Fi/fantasia no cinema. Por ter sua estréia adiada de dezembro de 1976 para maio de 1977, o filme marcou o início, nos EUA, dos lançamentos dos filmes da temporada de verão já no mês de maio (até então estes lançamentos iniciavam em meados de junho). Também, foi graças a Star Wars que as grandes trilhas sinfônicas voltaram a ser ouvidas nos filmes. A clássica trilha de John Williams, interpretada pelos 110 músicos da prestigiada Orquestra Sinfônica de Londres, foi a primeira a ser gravada em som Dolby Stereo, uma grande inovação técnica à época. O álbum duplo tornou-se a trilha sonora orquestral de maior sucesso até então, com mais de quatro milhões de cópias vendidas. Além disso, a música do filme também foi adaptada para o estilo disco pelo arranjador e produtor Meco Monardo, em uma gravação que também quebrou recordes de vendas. Finalmente, a criação de Lucas foi a primeira a utilizar o merchandising de forma maciça, não limitando os lucros do filme somente à renda nas bilheterias, mas estendendo-os também à venda de uma infinidade de itens por ele inspirados: bonecos, kits de naves espaciais, revistas em quadrinhos, canecas, roupas, discos, etc. Sem imaginar o sucesso estrondoso que teria o filme, a Fox cedeu ao esperto Lucas os direitos de exploração comercial dos personagens e demais elementos do filme. A firma licenciada, Kerner Toys, faturou mais de um bilhão de dólares anuais, pelos sete anos seguintes, em brinquedos que reproduziam os personagens principais, bem como os andróides R2-D2, C3-P0, o peludo Chewbacca, os caças rebeldes e imperiais e a nave Millenium Falcon de Han Solo. Graças a isso Lucas conquistou sua autonomia financeira, podendo financiar com recursos próprios os próximos filmes de sua produtora, a Lucasfilm.
O capítulo seguinte, Episódio V: O Império Contra-Ataca (Episode V: The Empire Strikes Back), desta vez dirigido por Irvin Kersher, chegou em 1980 e, apesar de não ter tido a mesma repercussão do filme original (na verdade foi o filme da trilogia que, em valores acumulados, menos rendeu nas bilheterias), surpreendeu por ser a ele muito superior. A trama é sombria, e mostra já no início os rebeldes sofrendo uma terrível derrota - a descoberta e a destruição de sua base no planeta gelado Hoth. A partir daí Han, Leia, Chewbacca (Peter Mayhew) e os andróides C3-P0 (Anthony Daniels) e R2-D2 (Kenny Baker) são perseguidos de perto por Vader, até chegarem a um refúgio aparentemente seguro na Cidade das Nuvens, comandada por Lando Calrissian (Billy Dee Williams). No planeta Dagobah, Luke encontra o pequeno e verde Mestre Yoda (voz de Frank Oz), que começa a treiná-lo para tornar-se um Cavaleiro Jedi. Luke desta vez ficará cara a cara com Vader, e o duelo de sabres de luz entre os dois, travado na Cidade das Nuvens e que culmina com a revelação de que o vilão é o pai do rapaz, é um momento antológico do Cinema. O final em aberto deixou as platéias desconcertadas, ante a perspectiva de uma espera de três longos anos para a conclusão da saga.
Já o aguardadíssimo Episódio VI: O Retorno de Jedi (Episode VI: The Return of Jedi), que encerrou a trilogia original em 1983 sob a direção de Richard Marquand, acabou sendo o capítulo mais fraco. É um filme que parece dar uma certa razão àqueles que acusam Lucas de ter infantilizado o cinema, já que as poderosas tropas Imperiais acabam sendo derrotadas graças aos Ewoks, criaturas peludas que não passam de ursinhos de pelúcia armados com lanças. Além deles há montes de alienígenas e criaturas engraçadinhas, todos feitos sob medida para serem posteriormente comercializados na forma de brinquedos. Mas para compensar, o filme tem uma batalha espacial em grande escala, o confronto final entre o Imperador (Ian McDiarmid), Vader e Luke é memorável, e o destino de cada personagem é razoavelmente bem resolvido.
Bem, os anos passaram e Lucas aparentemente esquecera Guerra nas Estrelas definitivamente, e partira rumo a novos projetos. Além de produzir a trilogia Indiana Jones e vários outros filmes, Lucas criou o padrão THX de excelência em som e imagem, tanto para o cinema como para o mercado de home video. Através da subsidiária da Lucasfilm, a Lucasarts, foram lançados games baseados nos seus sucessos cinematográficos. Já a Industrial Light and Magic (ILM), que Lucas criara para realizar os efeitos especiais do primeiro filme, passou a ser a empresa top no setor. E foi graças aos avanços obtidos por ela em filmes como O Exterminador do Futuro 2 e Jurassic Park, que contaram com efeitos de computação gráfica revolucionários para a época, que Lucas decidiu que era hora de retornar ao universo de Guerra nas Estrelas. Muitos devem se lembrar que, em 1981, Steven Spielberg lançou nos cinemas uma edição especial de seu Contatos Imediatos do Terceiro Grau (Close Encounters of The Third Kind, outro clássico moderno Sci-Fi, que em 1977 disputou as bilheterias com Guerra nas Estrelas), na qual foram suprimidas determinadas cenas e acrescentadas outras, incluindo toda uma nova seqüência com efeitos especiais no final do filme (aquela com Richard Dreyfuss no interior da nave-mãe). Spielberg alegara que esta versão havia ficado mais próxima à que originalmente pretendia produzir. Do mesmo modo, em meados dos anos 90, Lucas declarou que sua visão criativa do primeiro Guerra nas Estrelas sofrera, à época de sua produção, limitações orçamentárias e outras decorrentes da falta de tecnologia para retratar as cenas como ele as imaginara. Com efeito, é visível a evolução dos efeitos especiais já de Guerra nas Estrelas para O Império Contra-Ataca. Assim, após Lucas ter decidido retornar ao universo de Star Wars (como a franquia foi rebatizada mundialmente) com uma nova trilogia, aLucasfilm começou a restaurar os três filmes originais, adicionando novas cenas e aperfeiçoando, com o uso do computador, várias seqüências de efeitos visuais.
Estas Edições Especiais dos três filmes foram lançadas nos cinemas em 1997, após terem sido investidos US$ 11 milhões no processo de restauração de som e imagem, o que muitas vezes significou retornar aos elementos e cenas originais para fazer uma nova montagem. O mais notável, contudo, foi a decisão de Lucas em incluir algumas novas cenas, que à época haviam ficado incompletas, ou que haviam sido eliminadas na sala de montagem, ou ainda que foram feitas especialmente para essa Edição Especial. A cirurgia mais profunda ocorreu no filme de 1977: o primeiro passo foi a restauração completa dos negativos originais, e a digitalização da trilha sonora. Em seguida, cenas filmadas em 1976 e que foram cortadas da edição final foram reinseridas. É o caso do encontro de Han Solo com o vilão Jabba The Hutt, em Mos Eisley. Jabba, que fomos conhecer somente em O Retorno de Jedi como um monstro grande e viscoso, à época foi interpretado por um ator gordo. Na Edição Especial, foi substituído por uma imagem criada em computação gráfica, que reproduzia sua aparência alienígena. Outra cena de 1976 resgatada foi a do encontro de Luke Skywalker, um pouco antes do ataque à Estrela da Morte, com seu amigo de Tatooine Biggs Darklighter, que tornara-se um piloto rebelde. Adicionalmente, cenas originais foram substituídas ou alteradas. O Espaçoporto de Mos Eisley, que originalmente parecia uma vila suja com algumas ruelas, passou a ser uma cidade fervilhante de alienígenas, com o céu tomado por naves que chegam e partem. Em suas ruas, foram adicionados alienígenas e criaturas semelhantes a dinossauros, todos criados em computador. Também as montarias das Tropas Imperiais que desembarcam em Tatooine, que na versão original eram bonecos estáticos em tamanho natural, foram refeitas em computador. O confronto de Han Solo com o caçador de recompensas Greedo, na cantina, sofreu uma alteração muito criticada: na versão original Han disparava primeiro, já na versão de 1997 Lucas alterou a cena, fazendo Greedo atirar primeiro e Han logo em seguida, matando-o em legítima defesa. O resultado ficou, para dizer o mínimo, artificial.
Também houve mudanças na batalha final. Vemos uma esquadrilha rebelde mais numerosa partir do planeta Yavin e aproximar-se da Estrela da Morte (as naves adicionais também foram criadas em computador). Um dos caças passa tão próximo à câmera que percebemos as imperfeições no casco da nave, e o piloto mover-se no cockpit. Algumas tomadas dos combates espaciais foram refeitas em CGI, para tornar as naves mais ágeis e detalhar mais os cenários da Estrela da Morte. Já os outros dois filmes também tiveram alterações, porém em nível reduzido. Por exemplo, em O Império Contra-Ataca, a seqüência em que Luke é atacado na caverna de gelo passou a mostrar mais detalhes do monstro Wampa, e a chegada do Millenium Falcon à Cidade das Nuvens foi totalmente refeita em computador. Também vemos a chegada de Darth Vader, ao seu Super Destróier, no transporte Imperial que originalmente aparecia somente em O Retorno de Jedi. Houve outras mudanças, mas elas residiram principalmente na inclusão de detalhes nos cenários da Cidade das Nuvens e na eliminação dos recortes de sobreposição de elementos, nas cenas de efeitos especiais. Em O Retorno de Jedi, destacam-se o novo número musical no covil de Jabba, que ganhou uma nova canção e músicos alienígenas feitos em CGI, e a inclusão de novas cenas ao final, mostrando a celebração da derrota do Império nos planetas Coruscant e Tatooine. Nestas cenas, John Williams substituiu sua música original por outra composição sua. Todas essas alterações geraram polêmicas e muitos torceram o nariz diante das inovações, considerando que a defesa de Lucas ao direito de alterar a sua obra nada mais era do que um mero artifício para faturar ainda mais com os filmes. Esse pessoal deve estar, agora, ainda mais descontente com a decisão de Lucas lançar em DVD - finalmente - apenas as versões da Edição Especial de 1997, e adivinhe - com mais alterações!
Como já ocorrera em 1997, Uma Nova Esperança foi o episódio que teve maiores alterações, muitas tão sutis que serão percebidas apenas pelos fãs mais atentos. Entre elas está, novamente, a cena em que Greedo é alvejado por Han Solo: nesta versão em DVD Solo atira quase simultaneamente a Greedo, o que deixou a seqüência um pouco mais convincente. Em O Império Contra-Ataca, a voz original de Bobba Fett foi substituída pela de Temuera Morrison, que interpretou Jango Fett no recente Ataque dos Clones, e foi eliminado o grito de Luke quando ele salta no poço da Cidade das Nuvens para fugir de Vader. Em O Retorno de Jedi, durante as cenas finais de celebração, foram incluídas tomadas da Cidade das Nuvens e do planeta Naboo (prestando atenção dá até para ver os gungans, a raça do famigerado Jar-Jar Binks, comemorando) e, nas de Coruscant, foram acrescentados ao fundo os prédios do Senado e do Templo Jedi vistos em A Ameaça Fantasma e Ataque dos Clones. Contudo, há alterações que não são tão sutis, e pelo menos uma vem causando até indignação. Confira as imagens abaixo, comparando as cenas das novas versões em DVD (à direita), com as das versões de 1997 (à esquerda):
Diferença entre as Versões:
Episódio IV: a animação da chegada de Luke, Kenobi e os andróides a Mos Eisley foi refeita |
Episódio IV: Jabba foi substituído pelo mesmo modelo CGI utilizado em A Ameaça Fantasma, mais detalhado e menos caricato |
Episódios IV, V e VI: o visual dos sabres de luz foi atualizado, para combinar com os que vemos na nova trilogia |
Episódio V: o Imperador agora é interpretado por Ian McDiarmid, usando a mesma maquiagem de O Retorno de Jedi |
Episódio VI: os recortes nas cenas de efeitos, como no confronto de Luke com o monstro Rancor, foram eliminados |
Episódio VI: as sobrancelhas do ator Sebastian Shaw (Anakin Skywalker) foram eliminadas |
Episódio VI: o ator Sebastian Shaw foi substituído por Hayden Christensen, o Anakin da nova trilogia |
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Episodio IV:
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Episodio V:
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Episodio VI:
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